julho 21, 2009

Irreversível (2002)


Acho que "Irreversível" é o mais novo filme polêmico.... As pessoas saíram estarrecidas de Cannes, dizendo que o filme era brutal, nojento, nauseante.... Gaspar Noé [por acaso, aposta-se que ele será o Almodóvar do futuro] levou isso na brincadeira e apenas disse que eram elogios, exatamente o que ele esperava ouvir.
Vamos aos fatos:
Nenhuma fala do filme foi roteirizada, todas foram improvisadas. Isso dá um ar de verossimidade, mas também trazem textos sem graça, principalmente na cena do metrô.
Outra, cada cena só foi rodada uma vez, mostrando a competência não só de Gaspar, mas da equipe inteira. E a fotografia ficou muito melhor do que filmes que são rodados vezes e mais vezes.
O filme chocou basicamente por duas cenas: a do extintor, em que um crânio é completamente desfigurado. E, a mais famosa, a do estupro, que dura nada menos que nove minutos e meio!
O filme em si é uma obra-prima, tendo seus altos e baixos e terminando calmamente, porém o final é belíssimo. É o que se espera, pois o filme é rodado de trás para frente. Assim como "Amnésia", que também é um bom filme, "Irreversível" tem seu final nas primeiras cenas e seu início na última. E nenhuma palavra é melhor para expressar o que o filme passa: "O tempo é Irreversível". Na verdade tem uma frase, que inicia e termina o filme: "O tempo destrói tudo"
O filme é a história de uma sequência de atos cruéis e brutais, sendo um puxado pelo anterior, levando-se a auto-destruição no final[ou começo]. Alex[Monica Belucci] é estuprada em um túnel e isso afeta seu namorado e seu ex-marido, Marcus[Vincent Cassel] e Pierre[Albert Dupontel], fazendo com que a dupla vá em busca do estuprador.
Os detalhes presentes no filme são bem interessantes. Como por exemplo:
AVISO - SPOILER
Pierre, ex-marido de Alex, que mata o Tênia[o estuprador] é na verdade muito bonzinho e calmo. Marcus, que é muito mais estressado, acaba com o braço quebrado na luta. A inversão de papéis devido às circunstâncias é bem interessante.
É díficil perceber, por causa do modo de narrativa, mas Pierre no começo do filme[no final da narrativa] mata o cara errado. Ele mata um outro gay e não o Tênia. Isso fica mais claro se você olhar no fundo da cena do assassinato, e está lá o Tênia em pé e com uma risadinha dissimulada na cara. Muito bom!
Também sobre o livro que ela está lendo, que fala que as pessoas vêem o que vai acontecer no futuro à partir de sonhos. Como no final do filme mostra ela acordando, dá uma ambígua leitura do filme, podendo ser o jeito normal que irão ler, ou podendo ser como se o filme todo que se passou até ela acordar era o sonho.... Todos sabemos que o sonho não precisa ser necessariamente linear.....
E o final, mostrando ela grávida, abre mais possibilidades, sendo aquela cena um prólogo, sendo assim ela estando grávida de Tênia, ou o tempo continuar voltando, sendo o filho do namorado.
AVISO - FIM DO SPOILER
A câmera dá rodopios, atravessa vidros, e não acontece nada de errado, mesmo sendo filmado só uma vez, e isso é impressionante. Também tem uma visão do filme em que você pode considerar a câmera como o destino. A cada retorno na história que dá, ela gira muito, como se quisesse fugir daquilo, com se quisesse reverter as coisas para que não acontecesse daquela forma, mas é inevitável. É irreversível. O modo como ela filma a cena do estupro é bem interessante também. É como se a câmera fosse algo que foi esquecido, largado naquele lugar, de um modo até desleixado. Ela foi posta ali para filmar aquela brutalidade ao acaso, sem nenhum objetivo. É estranho. Só vendo para sentir isso.
Ponto negativo, como já falei, para os diálogos, que infelizmente não colam nem um pouco.... A história, como a maioria dos filmes que postei até agora, também é bem simples se você olhar mais cruamente, e só. Não tem mais nenhum ponto negativo nesse filme.
Mas fora isso é um ótimo filme, formando a personalidade de um diretor que tem tudo para se transformar até em um David Lynch se duvidar. Só não vira Kubrick porque ele gostava de ficção científica. Se você assistir e gostar recomendo "Amnésia" e "Cidade Dos Sonhos".

Nota: 8,7

PS: Só postei filme pertubador até agora, mas isso vai mudar!
Download(Pelo mesmo motivo de EraserHead):

julho 20, 2009

Monstros (1932)


Monstros foi o primeiro filme polêmico da história do cinema... Feito em 1932 por pessoas do circo de verdade, o filme escandalizou por mostrar a fúria de pessoas deformadas, seja amputadas, com deficiências mentais ou anões. O filme era tão repulsivo que foi proibido em vários países e só saiu de verdade na década de 60.
A história é simples: Cleópatra, a musa do circo, e seu namorado Hércules, ao descobrirem que um anão que tem um amor platônico por ela é herdeiro de uma fortuna, planejam casá-la com ele e depois envenená-lo. Os deformados do circo se vingam deles ao descobrirem o plano. Com apenas 64 min., ele conta a história bem lentamente. Hoje em dia, faria-se um curta com a ideia. Não mais.
Passa-se inicialmente um letreiro, que diz que as pessoas do circo mantém um acordo de que se um é ofendido, todos são. Já que um sozinho não conseguiria cuidar de um problema, todos se juntam.Logo após a história passa brevemente por um local onde se mostra essas pessoas. Quando o orador mostra a pior de todas as "criaturas", começa-se a verdadeira história, como em um flashback, técnica relativamente nova.
Tem algumas cenas bem interessantes, como o homem-sem-braços-nem-pernas acendendo um cigarro ou segurando uma faca com boca, ou então a mulher "desbraçada" comendo com os pés. Além de uma das cenas mais marcantes do cinema, quando o grupo de aberrações brindam para aceitar Cleópatra no bando: "We accepted her, one of us, gooble gobble, googble gobble". É muito boa a cena, chegando no ápice do filme.
Tem uma história até bem estruturada e original para época, que só tinha os filmes. Nosferatu e Caligari como referências ao terror. Nenhum final inesperado, nem reviravoltas, nada disso. . O filme conta mesmo com a capacidade de depredar a raça humana. De mostrar que a verdadeira monstruosidade era Cleópatra e Hércules. Por acaso, eu reparei que o nome dos dois mostra como se os deformados fossem pessoas, os normais seriam semi-deuses.
Clássico, é um filme legal de se ver e de pensar. Nenhum destaque em basicamente nada. Só a originalidade.
Recomendado só para aqueles que já conhecem o cinema há mais tempo e que pelo menos não tenham aversão à filmes preto-e-branco.
Nota: 7,4

julho 19, 2009

Deixe Ela Entrar (2007)




Bem, para começar, tenho que dar os parabéns a Tomas Alfredson, aos atores e produtores. Não é todo dia que se vê um bom filme de terror, muito menos sueco...
Chego a arriscar que, para mim, este foi o melhor terror da década[seguido de longe por "[REC]" e por "Rejeitados Pelo Diabo"].
A história não é complexa e muito menos original: Oskar[Kâre Hedebrant], um típico menino de 12 anos, conhece uma garota que acabara de mudar-se para a sua vizinhança, Eli[Lina Leandersson], que na verdade é uma vampira.
Imagine "Crepúsculo"[sim, aquele best-seller que é chatíssimo, porém adorado pelas garotas], agora imagine ele de uma formal brutal e verdadeira[nada de vampiros que brilham no sol]...
Vou falar dos pontos fortes: As cenas, muito bem escolhidas, impressionam e nos angustiam; Direção equilibrada, fazendo um filme crescente, que evolui a cada minuto que se passa; Fotografia interessante; atuações bem legais, principalmente dos protagonistas[destaque para Lina]; e, principalmente, maquiagem muito bem feita, com uma estética que, espero eu, vai reviver o estilo terror moderado, sem ser um explotation descerebrado nem um dramalhão.
O humano do casal de "Deixe Ela Entrar" não é uma menina delicada e pura. É um menino frequentemente humilhado por seus colegas e simplesmente sozinho no mundo. Pais separados, mãe autoritária e pai cachaceiro. Aquele típico menino que vai ter problemas quando crescer. Ele usa como válvula de escape de sua raiva uma árvore, no qual ele a "mata" várias vezes.
Já a vampira é sanguinária, e, ao que parece, não pode ficar mais de 2 dias sem beber sangue. Eli também é muito solitária e inteligente. Eli é uma típica vampira, que só pode entrar em um local com permissão, tem sede de sangue, tem forças acima dos normais, coisa e tal.
ATENÇÃO - SPOILER
Uma das coisas mais interessantes do filme é sua capacidade de mostrar que Oskar vai se tonar um Hakan[namorado de Eli, que morre no meio do filme] e a dúvida que fica no ar: Eli era malvada, pois, após ver que Hakan não estava conseguindo mais cuida dela direito o trocou por Oskar, manipulando-o até a última cena, ou ela não teve essas intenções?
ATENÇÃO - FIM DO SPOILER
O filme também tem alguns pontos fracos como: diálogos, clichês e previsíveis, maquiagem falha ao mostrar o rosto queimado de *****, final também prevísivel [mas aí tem um ponto positivo: você fica na vontade que nao acabe assim, pelo mesmo motivo da pergunta acima, no spoiler]. E o pior de todos[mas que não afeta na nota desse, é claro]: como todo filme bom feito no exterior, vão fazer um remake americano, com o nome de "Let Me In"... Decepção!
Outra coisa interessante é que o vampirismo é apenas pano de fundo para um drama, que funciona bem e é bem moderado. Mostra como ele são sozinhos e também uma transformação de um covarde para um pseudo-valentão, chegando a dar porrada no menino que sempre o batia e não ter medo de cadáveres. Mas a penúltima cena[a da piscina, muito boa por sinal] mostra que ele continuava covarde, e que aquilo não ia mudar. Essa mesma cena me lembrou o filme "A Corrente Do Bem", que assisti à algum tempo. A última cena também é bem legal,mantendo nível do filme.
As cenas de terror mesmo são bem legais com direito a decapitações, mutilações e pessoas queimando, além de muito sangue.
Sem mais delongas, é um filme recomendável para uma noite escura, não para te pregar bons sustos, mas para te dar ansiedade e te amedrontar com o jeito nostálgico de Eli ser vampira.
Altamente recomendado.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=DYcBSQokyBU

Nota: 8,3

EraserHead (1977)





Esse é um filme para ser assistido e reassistido, para ser venerado. Para ser sentido.
Primeiro vou falar um pouco do diretor: David Lynch, agricultor, teve uma infância muito difícil. Escolheu seguir carreira como artista. Fazia esculturas, e, com o tempo, se aperfeiçoou. Porém, ele imaginou que com uma arte mais dinâmica ele se expressaria melhor. Começou a fazer curtas. Enquanto isso, sua vida não ia bem. Acabara de ter uma filha e a esposa o deixou sozinho para criá-la. Juntando isso à seu jeito excêntrico de ser, ele criou "Eraserhead". Ou pelo menos, começou.
O trabalho durou nada menos que 5 anos para ser feito! Todo o cenário foi desmontado e remontado várias vezes, principalmente por causa da falta de dinheiro. No final, desses 5 anos de espera, o público detestou o filme. Detestaram tanto que o filme não saiu em DVD na época nem em VHS(o DVD foi lançado a pouco tempo pela Lumen Filmes).Por quê? Pois simplesmente era um filme complexo demais para época. Tanto que os cineastas da época simplesmente amaram o filme, tanto que Stanley Kubrick cogitou a hipótese de deixá-lo entrar no projeto "O Iluminado", que vai ter sua resenha também.
Hoje, o filme é um cult que encanta as pessoas que assistem.
Agora vamos falar do filme: A história é a seguinte: Henry[Jack Nance, que ficou 5 anos com o penteado detestável] vai à casa da namorada para um jantar com os sogros[que são esquisitíssimos]e lá ele logo é avisado que teve um filho mutante[a história do porque deste bebê mutante é bem interessante vou explicar mais na frente], que nasceu prematuro. Ele é obrigado à casar-se com a namorada. Ao ver que realmente as coisas iam de mal a pior, a namorada foge da casa dele, indo morar com os pais. Então ele tem que cuidar sozinho do bebê. Enquanto isso, Henry nutre um desejo louco por sua vizinha, que é prostituta.
O grande forte do filme é sua parte sonora: com pouquíssimos momentos em que a trilha somem, o som desse filme prende a gente, tendo um efeito de "coleira", não deixando nós sairmos do filme. Todos os sons do filme foram meticulosamente escolhidos por Lynch, e te garanto que alguns chegam até a perturbar mais do que as próprias imagens(o choro do bebê permanece na nossa mente por um bom tempo).
Em falar em perturbador, devo ressaltar que na maioria das listas por aí dos 10 filmes mais perturbadores de todos os tempos, sempre paira "Eraserhead", e normalmente em primeiro colocado. E não é exagero das listas.
Tudo no filme é apresentado por metáforas, sendo a formação de uma, ou um produto de outra. Vou explicar: o bebê deformado foi um modo de deixar mais claro que aquilo era um autorretrato. A filha nasceu com uma deformação no pé e sua vida foi bem angustiante após ter que cuidar da filha sozinho. Então Henry na verdade é ele[vejam a semelhança entre as fotos dele e de Henry, abaixo e acima, respectivamente.]
O nome do filme vem de mais uma das cenas "estranhas" do filme: em um sonho, a cabeça de Henry cai e um menino a pega e leva par um homem, que usa-a como matéria-prima para borracha. Bem normal, não? Tudo no filme é estranho: desde a bochechuda assassina de fetos cantando "In Heaven" até a cena final[muito bom, por sinal].
Neste filme já tem a maioria das características que vão compor os outros clássico de Lynch:
  • A eletricidade: Nos momentos mais cruciais a algum acontecimento com eletricidade. Exemplos em "Eraserhead": quando ele esta subindo o elevador para o fatídico jantar ou quando ele vê o elevador subindo e descendo por meio do seu gerador, na sua casa. Para Lynch, a luz é o que "clareia" nossa mente, o que nos mostra a verdade.
  • Cortinas escuras: Para Lynch, as cortinas "escondem" alguma verdade.
  • Algum deformado: O filho e a bochechuda. Ao que parece, Lynch só torna os filmes mais estranhos colocando deformados, que aparentemente não têm uma ligação complementa à história, sem possuir por completo um entrosamento com todo o enredo [O filho é a única exceção que eu já vi].
  • Duas mulheres, um loira e outra morena: Para Lynch, as mulheres loiras são puras e santas, mas as morenas são perversas e sujas. Isso é bem claro no triângulo amoroso de "Veludo Azul" e de "Eraserhead", ou no casal de "Cidade Dos Sonhos".
Um dos grandes mistérios deste filme é como o bebê foi criado. Lynch era tão apegado à esses detalhes que ninguém sequer viu o bebê fora das filmagens, obrigando até as pessoas da produção fecharem os olhos enquanto ele passava como o bebê no colo. O mistério perdura até hoje. Até Stanley Kubrick perguntou-o particularmente, porém Lynch não contou. Reza a lenda que o bebê foi desenhado baseado em um feto de vaca.
Infelizmente, o filme não de todo agradável. O final é meio previsível e o roteiro bruto é meio sem-graça. Fora isso, tem também as atuações secundárias, que, apesar de serem muito boas, não são tanto quanto o resto.
Bem, é isso. O filme pode ser perturbador ao extremo, e muito menos deve ser assistido em momentos de depressão, mas dê uma chance à esse filme, por mais que você não goste do gênero...
Recomendado!

Nota: 8,9
Donwload (Não quero incentivar a pirataria não, mas esse filme é especialmente difícil de se achar, então vou postar os links aqui):


Olá!

Olá, meus amigos...
Hoje eu vou começar a postar em um blog sobre cinema...
Nele eu estarei criticando diversas obras que assisto....
Espero que gostem do blog!!!!